sexta-feira, 24 de setembro de 2010

GOSTO




Gosto dos olhos que prometem tanto,
dos gestos falsamente inocentes,
dos sinais que são feitos discretamente,
dos primeiros toques.
Gosto que me olhe com desejo,
que me ligue e me diga que posso e devo...
me provoque e me tente.
Gosto da antecipação, de uma conversa interessante.
Gosto da inteligencia da sedução
Gosto muito do riso, e de uma cara bonita.
Mas principalmente duns olhos que digam muito e prometam mais,
de umas mãos cuidadas, de uma boca carnuda e assertiva.
Gosto especialmente daquele momento suspenso no tempo, em que ambos sabemos que queremos,
mas fingimos que nada se passa... ou que ainda não pudemos... ou não devemos....
Gosto de ter iniciativa
Gosto de não ter vergonha,
de ser igual e não submissa.
Gosto de ter mãos de borboleta com garras....
Gosto de inventar, ousar, voar.
Gosto que se entregue e me tome
com doçura e com bravura
Gosto que me esgote e se esvazie.
Gosto que me obrigue a ir mais alem....
Gosto que descubra que tem novos limites...
Gosto que tenha cheiro
que tenha gosto e sabor
Gosto que me abrace....
Gosto que se aninhe.
Gosto que fale...
e me analise
e....

Gosto que recomece....

domingo, 19 de setembro de 2010




Encosto o meu búzio ao ouvido e oiço-nos, ontem...

e vejo-me e beijo-me.

E sinto-me um doce, doce como nunca fui.

Pequena como nunca me senti

Deixo que o som me embale e invada o espaço que foi nosso

Vagas que vão e que vêm

São melodias que cheiro

Odores de infância

em sonhos de adulto


AULA DE ANATOMIA

Quem me dera ser empregada de limpeza...
Minhas amigas...até doí...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


Hoje, ao final da tarde, naqueles instantes que Lisboa tem o meu azul preferido, parei para saborear um café. Apenas porque sim

Por momentos, barra minutos, apeteceu-me esquecer os meus problemas, deixar de lado as preocupações, os tachos, o fogão, os miúdos, e saborear aqueles momentos mágicos...ao lado da piscina, com as batidas das bolas de ténis como barulho de fundo.
Ao meu lado um casalzinho de namorados....recentes...só pode. Só sorrisos, só beijinhos, só miminhos...

No meio do pipiar dos pombinhos, diz-lhe ele:

- Vou-te enviar um convite pormenorizado na nossa primeira noite.

Dei por mim a pensar...

Como será descrever em pormenor as vontades de uma primeira noite?Dez meias dúzias de beijos, cinco minutos de mãos dadas, seguido de uma hora de mãos libertinas e libertadoras, partilhas de pele e de emoções... Como será?

Gostava de receber um dia um pdf com um guião assim... Cumprir à risca o traçado já delineado... seguir paço a paço, os desejos do outro.


Tão diferente da minha realidade... do meu mundo onde eu escrevo, realizo e interpreto o único e repetitivo papel. Onde o de hoje é igual ao de ontem e será copia do de amanha...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A cronica do Fernando Alvim, publicada hoje no jornal do Metro foi escrita para mim!
Aqui fica porque não compro ninguém, nem quero ser comprada
Muito bom ...
Renting emocial, não vai nada mal!

O time sharing chegou ao amor e são muitas as pessoas que perceberam a tempo que pode aqui não haver vigarice. Pelo contrário, há quem não queira ter alguém permanentemente, mas não dispense ser amado de vez em quando. Toda a gente quer amor - é tão bonito - embora muitos sejam aqueles que o dispensem por um determinado período. Vamos cá ver, isto é como ter uma casa de férias no Algarve: vai-se lá de vez em quando, sobretudo no Verão, é bestial, está muito bom tempo, as praias são óptimas, a água está morninha, mas passadas umas 3 semanas sabemos que isso vai acabar. E não é o fim do mundo. Nem tem que ser.
Os portugueses têm a mania de comprar tudo. E se for a pronto, melhor ainda. E isto às vezes, com franqueza, pode não ser a melhor opção. Eu sei porque é que os portugueses gostam tanto de comprar. Sabem porquê? Porque ao comprarem, sabem que podem mudar. E fazer obras e construir ali mais um anexo ou outro, sem ninguém ver. E por isso mesmo, quando confrontados com o amor, querem comprar tudo para fazer as tais mudanças. Ah pois. Como se fosse um T2 ali para os lados do Restelo. Mas não, uma pessoa não é um T2 em que se possa transformar a varanda numa marquise. Uma pessoa não é um bem imobiliário que pode ser vendido pelos senhores da Remax. Uma pessoa é – e perdoem-me desde já a redundância – uma pessoa é uma pessoa, caramba. E se não se importam vou beber água que já me estou a enervar com esta história.
Daí que chegou esta coisa do time sharing ligado ao amor, ou se quiserem, do renting emocional. Vamos cá ver: existem duas pessoas a precisar de amor. Na verdade nem uma nem outra se amam, mas enquanto não aparece a pessoa certa - se é que algum dia irá aparecer – vão-se amando como podem. Não me parece mal. De vez em quando encontram-se, vão jantar, tratam-se bem, falam sobre as suas vidas e como estão as coisas e divertem-se, alugando-se um ao outro. Sem que seja necessário, haver um compromisso. E não se pense que isto é só sexo, de maneira nenhuma. Até pode não haver (embora deva que é bom). O que importa mesmo, é que não exista uma cobrança para o amor. Que não se apresente a continha ao final do dia como é costume. Que nada se dê por adquirido, por comprado a pronto. Daí este renting emocional e o sucesso que está a ter. E porquê? Ora porquê? Porque percebeu que às vezes mais vale assim. Isto é, nem todas as pessoas, querem casar, ter filhinhos muito bonitos e um cabrio para andar ao fim-de-semana. Há quem queira amar em regime de time sharing. Há quem não tenha tempo para amar. Ou não encontre. Ou não tenha jeito para o amor. Então e esses, o que é que fazem? Ficam a chorar em casa, querem ver?! Não senhor, aderem ao renting emocional e é uma maravilha. Porque uma pessoa não é uma casa. Porque nem todos querem comprar e pronto.

sábado, 4 de setembro de 2010

CARA A CARA



Foi o meu primeiro beijo

não posso ficar impune

e disseste-me cara a cara...

muito mais é o que nos une

que aquilo que nos separa....